Prêmio de Inovação 2025 marca abertura do 5º Fast Labs em Belém

Encontro é o maior evento de inovação no Judiciário do país
 Foto de ambiente fechado reunindo homens e mulheres no FestbLabs
#ParaTodosVerem: Foto de ambiente fechado reunindo homens e mulheres no FestbLabs

Com o objetivo de compartilhar experiências, desenvolver novas ideias e consolidar a cultura da inovação no Judiciário, cerca de 600 pessoas participaram, na noite desta quarta-feira, 3, em Belém, na Escola Judicial do Poder Judiciário do Pará (EJPA), da abertura da 5ª Edição do FestLabs Nacional. A cerimônia também foi marcada pela entrega do Prêmio de Inovação 2025, às iniciativas mais inovadoras do país.
 

A programação – que segue até a próxima sexta-feira, 5 – encerra uma série de eventos regionais realizados ao longo do ano pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Reunindo magistrados e magistradas, servidores e servidoras de Laboratórios de Inovação de todo o país, o encontro oferece palestras, oficinas, debates e troca de boas práticas, visando tornar a justiça mais eficiente, acessível e focada nas pessoas por meio da integração de tecnologia, sustentabilidade e criatividade.
 

Na abertura do evento, o presidente do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), desembargador Roberto Gonçalves do Moura, falou sobre o simbolismo de Belém sediar o evento na Amazônia e a importância da inovação como necessidade para o acesso à Justiça em territórios diversos e desafiadores. “É profundamente relevante que este Festival aconteça aqui. A Amazônia necessita de um olhar criativo e transformador. Falar de inovação neste território não é moda, é necessidade, pois a região exige soluções acessíveis e sustentáveis para aproximar a Justiça das pessoas que vivem em realidades diversas e, muitas vezes, distantes”, disse.
 

Avanços – O magistrado lembrou ainda os avanços do Laboratório de Inovação do TJPA, o Lab Pai D’égua, como exemplos práticos de transformação institucional e aproximação das pessoas à Justiça. “Desde a criação do Lab Pai D’Égua, foram muitos os avanços significativos. Criamos o Banco de Prompts, que reúne e compartilha comandos testados de inteligência artificial, tornando o uso da tecnologia acessível a todos no tribunal. Levamos adiante o Projeto Justiça Sem Fronteiras, que implantou Pontos de Inclusão Digital em áreas de difícil acesso, permitindo que ribeirinhos e populações distantes participem de audiências sem longas viagens”.
 

Outro destaque pontuado pelo desembargador foram os Pontos de Inclusão Digital (PIDs), que já chegaram a 61 locais de difícil acesso no Estado. “Esses espaços são pontos de encontro entre a comunidade e o Judiciário, verdadeiras passagens que encurtam distâncias e tornam concreta a presença da Justiça onde antes ela parecia inalcançável. A iniciativa nasceu da cooperação entre o nosso Laboratório Pai D’Égua e administrações municipais, garantindo estrutura capaz de oferecer videoconferências, consulta de processos, ingresso de ações por atermação digital, além do Balcão Virtual”, afirmou.
 

No ano em que Belém sedia a maior conferência sobre mudanças climáticas, a COP30, o desembargador fez questão de citar também o Painel de Litígios Climáticos. “A ferramenta mapeia os processos ligados às mudanças do clima em andamento no Pará. Esse painel demonstra as ações e quais temas estão sendo discutidos, contribuindo diretamente para os debates da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas, e reforçando o compromisso do Judiciário com a sustentabilidade”.
 

Desafios – Em seguida, o coordenador do Lab Pai D’égua, juiz Charles Menezes, destacou o espírito de inovação da equipe. “Sabemos que moramos distante, mas queríamos um Fast Lab de entrega, o melhor de todos os tempos. Por isso, realizamos quatro entregas neste evento: o compromisso de ser zero carbono, o match de projetos comuns entre laboratórios, a oficina imersiva na Ilha do Combu para produzir soluções criativas às demandas dos moradores e os minilabs Pai D’égua”, anunciou.
 

O diretor do Foro da Seção Judiciária do Pará, Domingos Daniel Moutinho, ressaltou os desafios da Justiça no Norte do país e a importância da inovação nesse processo. “Gerir e desempenhar as funções do Judiciário no Norte nos impõe desafios particulares. A inovação, para nós, não é opção, é imposição. Precisamos investir em soluções que garantam o acesso à Justiça e vençam as distâncias. As inovações não precisam ser extravagantes nem tecnológicas. Muitas vezes, as medidas mais simples são as que promovem as maiores transformações. Por isso, os Tribunais do Norte precisam estar unidos para enfrentar os desafios que lhes são comuns.”, conclamou.
 

Justiça mais humana e dialógica
 

A dimensão humana da inovação e o papel transformador da Justiça deu o tom da manifestação da presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8), desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida. A magistrada destacou que o festival não celebra apenas a inovação, mas também o espírito. “Nos juntamos com entusiasmo porque compreendemos que o mundo mudou e a Justiça não pode permanecer ignóbil diante disso. Precisamos rever práticas e modelos, agir com mais empatia e simplicidade. O sistema judiciário brasileiro tem um papel transformador ao dialogar com diferentes realidades e buscar caminhos mais acessíveis, mais humanos e mais simples. O Fast Lab é um espaço seguro para experimentar. O Pará mostra que é possível inovar com sotaque, e isso também é revolução”, afirmou.
 

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE), desembargador José Maria Teixeira do Rosário, ressaltou a importância da inovação para a cidadania. “É uma honra para a Justiça Eleitoral do Pará participar deste evento. Falar de inovação é falar de um compromisso com o futuro, e para a Justiça Eleitoral isso é ainda mais urgente”. O desembargador afirmou que inovar significa buscar soluções novas e eficientes para que o direito ao exercício da cidadania chegue a todas as pessoas, onde quer que elas estejam, e que cabe aos gestores criar condições em seus ambientes para o fomento de soluções criativas que tornem o Judiciário mais humano e próximo das pessoas.

Troca – Também presente na abertura do evento, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Sérgio Domingues destacou que a inovação no Judiciário tem sido construída com apoio da tecnologia e pela troca de experiências entre diferentes realidades. “Ao longo do tempo, soluções alternativas foram sendo implementadas com o apoio das tecnologias. Ideias diferentes surgem a partir do intercâmbio de informações, e essa diversidade que temos no país é nossa grande riqueza. Apesar das diferenças entre os extremos do Brasil, vejo em comum, entre todos que atuam nos laboratórios, o entusiasmo em ajudar a instituição à qual pertencem”, disse.

Por último, a conselheira do CNJ e coordenadora do Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Daniela Madeira, refletiu sobre os desafios e compromissos da inovação no Judiciário. Entre eles o de publicizar os laboratórios e suas ações para a comunidade interna, de fortalecer a cooperação interinstitucional entre tribunais e de ampliar as iniciativas em nível nacional. “Inovação não pode depender de um lampejo de genialidade: os laboratórios precisam ser institucionalizados”, declarou.

A magistrada frisou ainda que os projetos precisam gerar benefícios reais para a sociedade e devem se apoiar em um tripé de comunicação, colaboração e nacionalização. A mesa de honra do evento ainda foi composta pela diretora da Escola Judicial do Pará, desembargadora Célia Regina de Lima Pinheiro.

Premiação – O Prêmio Inovação 2025 reconhece ações de destaque nas áreas de gestão, tecnologia judicial e serviços judiciais, promovendo uma cultura de modernização e eficiência nos tribunais brasileiros. Neste ano, os vencedores foram, com o selo ouro, os seguintes projetos:

- Raízes Calungas (Categoria Inovações com Resultados Comprovados) do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO)

- CompraJus (Categoria Ideias Inovadoras) do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR)

- PAI - Painel de AutoInspeção (Categoria Inovações com Resultados Comprovados) do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2)

- Tecnologia de Inteligência artificial para combater desinformação (categoria ideias inovadoras) do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO)

- CAP 360 graus (Categoria Ideias Inovadoras), do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Tribunal Regional Eleitoral (TRE- RS) e Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4)

- TJCE MOBILE (Categoria Inovações com Resultados Comprovados), do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE)

Debates - Durante dois dias, o público poderá acompanhar uma intensa programação de palestras que abordam desde identidade cultural amazônica, inteligência artificial e linguagem simples até acessibilidade, educação e inovação prática no cotidiano. As palestras ocorrem sempre no Auditório Samaúma, na Escola Judicial do Pará (EJPA). Confira a íntegra da programação AQUI.

Nesta quinta-feira, 4, das 9h30 às 10h10, a jornalista Trisha Guimarães abre os trabalhos com a palestra “Um país que se chama Pará”, sobre identidade cultural amazônica. Em seguida, o juiz do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) João Valério apresenta, das 10h30 às 11h, o tema “RAG da Justiça: De Dados Brutos a Conexões Claras”, sobre inteligência artificial aplicada ao Judiciário.

Fechando a programação da manhã, das 11h30 às12h, a servidora do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) Hérika Sodré ministra a palestra “Quem se importa, simplifica! Linguagem Simples: a inovação que depende de você”, sobre comunicação clara e acessível.

À tarde, das 14h às 14h30, o coordenador do LabLuz, Welkey Costa, conduz a palestra “Como será o amanhã? O impacto das políticas públicas de inovação e a sobrevida dos laboratórios”, abordando o futuro da inovação no Judiciário. Na sequência, das 14h40 às 15h10, a engenheira ambiental e especialista em marketing digital Sandy Moraes apresenta “Tu não precisas ser o Steve Jobs: uma conversa sobre criatividade real”, refletindo sobre inovação prática no dia a dia.

Ainda no primeiro dia, a psicóloga e pesquisadora Luisa Almeida, referência em acessibilidade, ministrará, das 15h20 às 15h50, “Inovar é incluir: quando a tecnologia cria pontes, não muros”. Encerra o primeiro dia, o educador Jotapê Malara com palestra sobre educação gratuita e oportunidades para jovens da periferia, das 17h15 às 18h15.

Na sexta-feira, 5, a programação de palestras começa com o desembargador federal e escritor William Douglas, que promove reflexões sobre inovação no Judiciário, das 10h40 às 11h40. Pela parte da tarde, das 14h às 14h30, Mateus Lisboa, faz palestra sobre a influência do evento em sua trajetória, com o tema “Somos retalhos: como o FestLabs mudou a minha vida e pode mudar a sua”.

Em seguida, das 15h20 às 15h50, o mestre em Engenharia Elétrica e gestor público, Felipe Brito, apresenta o tema “Inspirar e Ir Além: A jornada de soluções de IA Generativa no TRE do Pará”, mostrando os avanços do tribunal no uso de inteligência artificial. Já a dupla Renan Hannouche e Dante Freitas, conhecida como Renante, apresenta a palestra “Humanware”, discutindo inovação digital e humanização da Justiça, das 17h10 às 18h30.

FonteCoordenadoria de Imprensa
TextoVanessa Vieira
Foto: TJPA