Juíza é promovida a titular da Vara do Trabalho de Monte Dourado e Laranjal do Jari

Titularidade ocorre treze anos após ingresso na magistratura do trabalho.
Foto: Presidente do TRT8 Pastora Leal e Juíza Elinay Melo.
— Foto: ASCOM8

Desembargadores, juízes e servidores da Justiça do Trabalho prestigiaram a cerimônia de promoção da juíza Elinay Melo. Ela foi promovida, por antiguidade, ao cargo de juíza titular da Vara do Trabalho de Monte Dourado-Laranjal do Jari.

A cerimônia ocorreu nessa segunda-feira (18), ao meio dia, na antessala da Presidência do TRT8 e foi conduzida pela desembargadora Pastora Leal, presidente do Egrégio Tribunal.

Carreira

Juíza de carreira, Elinay Melo, ingressou há 13 anos na magistratura do trabalho. No discurso, enfatizou a igualdade de gênero no Poder Judiciário e destacou o exemplo do TRT8 que tem um número expressivo de mulheres na magistratura e no desembargo, além de neste biênio estar sendo administrado, pela primeira vez, por três mulheres na Presidência, Vice-Presidência e Corregedoria.

Quinta na linha de antiguidade, a magistrada ressaltou que o ingresso na titularidade só foi possível porque quatro magistradas desistiram da promoção. "Não poderia deixar de saudar as quatro colegas que, cada uma, ponderando as razões pessoais e profissionais, optaram por permanecer substitutas".

Integrante do "Sororidade em pauta", um coletivo de mulheres magistradas, a juíza citou estudos feministas sobre a condição das mulheres que atuam no judiciário brasileiro e falou sobre o momento atual de enfraquecimento das instituições . "Nossa instituição sofre ataques externos com tentativas de enfraquecimento da nossa estrutura organizacional, com reflexos orçamentários severos, além dos revezes legislativos (lei da atividade econômica) e do executivo (legislação por MPs) para o esvaziamento da principiologia do Direito que a Justiça do Trabalho defende" e falou sobre desafios como juíza titular: "obstáculos, por óbvio, serão por mim sentidos no comando jurisdicional e administrativo da Vara de Monte Dourado-Laranjal do Jari, que mantém considerável volume processual, mesmo após a Reforma Trabalhista, com destaque para a atividade econômica desenvolvida num local de difícil acesso, no coração da região amazônica, repleta de riquezas naturais ainda a serem exploradas".

Mulher no poder

Ao parabenizar a juíza, a presidente do Tribunal destacou a violência sofrida pelas mulheres. "Não interessa qual mulher nós somos, se somos a faxineira, a doméstica ou uma juíza. A misoginia está aí invisível. A fala da mulher é sempre desqualificada. Eu percebo em reuniões, nos altos escalões do poder, que o homem pode falar o quanto quiser e a mulher quando fala é algo que não é para se ouvir. Então, não é fácil exercer cargos como o nosso de poder. Nessas relações, nós somos, diariamente, inferiorizadas sem que ninguém perceba. E a pior de todas as misoginias é da mulher para mulher. É como se a mulher introjetasse essa inferioridade".

Familiares, amigos e advogados compareceram à cerimônia. Os dois filhos da juíza, de 13 e 07 anos, também participaram e entregaram um buquê de flores para a mãe.

Juízes substitutos

A juíza titular da 7ª Vara do trabalho da capital , Nazaré Rocha, explicou que os juízes começam a carreira como substitutos auxiliando os juízes titulares e quando são promovidos passam a coordenar e comandar uma Vara do Trabalho e a percorrer todas as cidades onde existem varas trabalhistas até chegar à capital onde está a sede do Tribunal."A experiência que você adquire enquanto titular é rica porque você não lida só com os processos, você também lida com a administração inteira e com todos os problemas da gestão. Isso lhe dá uma experiência muito grande de vida e de magistratura". Sobre a titularização da juíza Elinay Melo, destacou. "É uma felicidade ver uma juíza substituta de tamanha envergadura, uma pessoa sensível, aberta às causas sociais, que compreende as necessidades de preservação dos direitos sociais num tempo tão difícil e que ela vai começar esse comando único com esse olhar diferenciado, mais social e voltado para o gênero feminino".

A juíza Núbia Guedes, que passou quatro anos na titularidade da Vara do Trabalho de Monte Dourado e Laranjal do Jari, conta que os desafios são enormes. "A gente tem atividade de itinerância para Gurupá, que fica há 12 horas de barco. Então, é uma Vara que tem diversidade populacional e temos jurisdicionados que estão no Vale do Jari, que trabalham na cadeia produtiva da celulose e no processamento de caulim. É uma região pobre, com alto índice de desemprego e a demanda de quem está lá é um trabalho constante. Me deparei com muitas greves, muitas paralisações, sindicatos muito atuantes. Mas temos uma equipe de servidores formidável e eu tenho certeza que a Dra Elinay Melo fará um excelente trabalho".

A Vara do Trabalho de Monte Dourado/Laranjal do Jari abrange municípios do Amapá e do Pará. Está sediada em Monte Dourado (distrito de Almeirim -PA) e tem jurisdição em Almeirim, Gurupá, Porto de Moz (Pará) e em Laranjal do Jari e Vitória do Jari (Amapá).

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